Em nossa última conversa por aqui, falamos sobre o design como instrumento de expressão pessoal. Recomendo que você leia o artigo anterior antes deste, assim podemos continuar um diálogo com mais clareza.

De forma resumida, anteriormente, entendemos juntos que o design é um canal entre quem cria e público.

Nesse sentido, a mensagem que cada profissional do design passa está em suas obras. Ali, ele manifesta suas ideias, sua visão de mundo, seu conhecimento e, mais especificamente, seus valores.

É justamente sobre esse último ponto que quero conversar hoje: de que forma aplicamos nossos valores ao design? Qual é o impacto e a importância disso?

Antes de tudo, é importante entendermos que é muito pouco provável que nossos valores não sejam comunicados em nosso trabalho - e não me refiro somente ao design ou às artes.

Afinal, a forma como nos portamos, falamos, tratamos o próximo e conduzimos todas as nossas ações revelam, em medidas variadas, os valores que nos fundamentam.

Porém, é também possível que essa “transmissão” de valores seja mais explícita e consciente.

Quando falamos sobre design funcional, nos vêm à mente a ideia de peças de múltiplas possibilidades práticas, que facilitam o uso e/ou o dia a dia dos usuários. Essa definição, é claro, está correta! Mas ela pode ir além.

A funcionalidade do design também pode estar relacionada às emoções, sensações e outras perspectivas. É aí que entram nossos valores.

Vou citar um exemplo prático: as mesas La Palme, desenhadas por mim para a Móveis James, exaltam a cultura dos vasos marajoaras e reverenciam as palmeiras do estado do Pará. Nessas influências, resgato e estimulo valores que desejo compartilhar com o mundo: meu amor pelo Brasil e orgulho de ser brasileiro.

Ou seja, nas formas dessas peças, incluo meus valores e trago novas funções subjetivas a elas: a memória histórica, o patriotismo, a força do design nacional.

Além da brasilidade, minhas obras também revelam minha aliança com Deus, meu respeito à natureza, a importância da família em minha vida, a minha visão sobre o design e tantos outros valores que, consciente ou inconscientemente, me guiam ao definir as funções objetivas e subjetivas de cada peça.

Até este ponto, já deve ter ficado clara a importância desse processo, mas vale concluirmos juntos: é assim que nós designers nos expressamos.

Mais do que isso, é dessa forma que o nosso trabalho ganha mais sentido, força e impacto na vida das pessoas.

O design não é, e não deve ser, apenas uma forma exata de projetar e executar soluções. Ele pode - e como! - influenciar, transformar e ajudar a construir um novo mundo. Nossos valores, quando compartilhados, são instrumentos fundamentais para essas ações.

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